segunda-feira, 20 de junho de 2011

COMPRAR TEMPO

Os gregos tinham dois deuses do tempo: Cronos e kairós.
Achavam que com um só não conseguiriam controlá-lo.
Doce ilusão! A única proeza do homem foi descobrir como medir o tempo, do ponto de vista físico, com o relógio.
Já metafisicamente, o tempo pode ser sentido. Contrariando o relógio, ele tem duração variável. Dois minutos de broca no dentista duram mais que 15 minutos escutando Andrea Bocelli. E, nos dias de hoje, o tempo voa.
A causa? O avassalador desenvolvimento tecnológico e o conseqüente ciclo de vida curto dos produtos. A tecnologia nos dá acesso a informação e comunicação cada vez mais abundante e à ânsia por usufruí-las. O ciclo de vida curto dos produtos nos induz a querer sempre a novidade com mais uma funcionalidade.
Resultado: não temos mais tempo para nós e para os nossos, pois o vendemos para nossos patrões em troca de mais remuneração para podermos continuar a nadar na onda do conhecimento e do consumo.
Que armadilha! Que vida sem sentido! Daí a minha proposta: ao invés de só vender, vamos comprar tempo. Ao menos para nosso futuro. 
Enquanto não chegamos lá, lembrem Carlin: a vida não é medida pela quantidade de vezes que respiramos, mas pelos momentos que nos tiram a respiração.

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