terça-feira, 8 de maio de 2012

O SABOR DE PERDER


Nasrudin viu um homem sentado na beira de uma estrada, com ar de completa desolação.
“O que o preocupa?”, quis saber.
“Meu irmão, não existe nada interessante na minha vida. Eu tenho dinheiro suficiente para não precisar trabalhar, e estava viajando para ver se havia alguma coisa curiosa no mundo. Entretanto, todas as pessoas que encontrei nada têm de novo para me dizer, e só conseguem aumentar meu tédio”.
Na mesma hora, Nasrudin agarrou a mala do homem, e saiu correndo pela estrada. Como conhecia a região, rapidamente conseguiu distanciar-se dele, pegando atalhos pelos campos e colinas.
Quando se distanciou bastante, colocou de novo a mala no meio da estrada por onde o viajante iria passar, e escondeu-se por detrás de uma rocha. Meia hora depois o homem apareceu, sentindo-se mais miserável que nunca, por causa do ladrão que encontrara.
Assim que viu a mala, correu até ela e abriu-a, ofegante. Ao ver que seu conteúdo estava intacto, olhou para o céu cheio de alegria, e agradeceu ao Senhor pela vida.
“Certas pessoas só entendem o sabor da felicidade, quando conseguem perdê-la”, pensou Nasrudin, olhando a cena.

A ORAÇÃO QUE DEUS ENTENDIA


No ano de 1502, durante a conquista da América, um missionário espanhol visitava uma ilha perto do México, quando encontrou três sacerdotes astecas.
“Como vocês rezam?”, perguntou o padre.
“Temos apenas uma oração”, respondeu um dos astecas. “Dizemos: “ ó meu Deus, Tu és três, e nós somos três. Tende piedade de nós”.
“É uma bela oração, mas Deus não entende estas palavras. Vou ensinar-lhes uma oração que Deus escuta”.
E antes de seguir seu caminho, fez com que os astecas decorassem uma oração católica.
O missionário evangelizou vários povos, e cumpriu sua missão com um zelo exemplar. Depois de muito tempo pregando a palavra da Igreja na América, chegou o momento de retornar à Espanha.
No caminho de volta, passou pela mesma ilha onde estivera alguns anos antes. Quando a caravela se aproximava, o padre viu os três sacerdotes, caminhando sobre as águas, e fazendo sinal para que a caravela parasse.
“Padre! Padre!”, gritava um deles. “Por favor, torna a nos ensinar a oração que Deus escuta, porque não conseguimos lembrar!”
“Não importa”, respondeu o missionário, ao ver o milagre. E pediu perdão à Deus, por não haver entendido que Ele falava todas as línguas.

A ARROGÂNCIA DA INVEJA


No deserto da Síria, Satanás dizia aos seus discípulos: “o ser humano está sempre mais preocupado em desejar o mal aos outros que em fazer o bem a si próprio”.
E para demonstrar o que dizia, resolveu testar dois homens que descansavam ali perto.
“Vim realizar seus desejos”, disse para um deles. “Pode pedir o que quiser, que lhe será dado. Seu amigo receberá a mesma coisa – só que em dobro”.
O homem permaneceu em silêncio por longo tempo.
Finalmente, disse:
“Meu amigo está contente, porque terá sempre o dobro, seja qual for meu desejo. Mas consegui preparar-lhe uma armadilha: o meu pedido é que você me deixe cego de um olho”.